Pragas nacionais e importadas: invasões biológicas e controle de caturritas e javalis

Sarah Faria Moreno

Caturritas, gafanhotos e javalis destacam-se por causarem danos às lavouras, cada qual à sua maneira, sendo passíveis de estratégias e medidas de controle que podem ser institucionalizadas por órgãos públicos. Como tópicos de interesse à minha pesquisa estão os danos causados por cada um desses animais, as estratégias de controle adotadas, em quais medidas eles vêm a ser considerados pragas agrícolas, bem como a maneira como o agronegócio se faz presente em todas essas relações, com a hipótese de que o mesmo seja principal “produtor” das pragas – uma vez que as regiões afetadas são grandes produtoras e exportadoras agrícolas. Outra hipótese é a de se assumir as paisagens rurais do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai como uma “paisagem de pragas” produzida, justamente, pelo agronegócio que decide quem vive e quem morre. Além disso, também se assume que os animais considerados pragas atravessam a dimensão econômica e são pautados também por lógicas ambientais, políticas e estéticas. A questão da fronteira entre os três países passa a ser um importante instrumento para estabelecer a metodologia da pesquisa, visando contemplar as legislações e políticas de controle de cada um dos animais considerados pragas em cada um dos territórios, considerando que, para esses, nossas fronteiras geográficas e políticas sequer significam algo. Por fim, a ideia de paisagem feral de Anna Tsing (2019) pode ser considerada fundamental para orientar esta pesquisa, auxiliando na reflexão acerca de como caturritas, gafanhotos e javalis encontram condições favoráveis para sua vida e proliferação em ambientes que, teoricamente, não foram pensados para abrigá-los.


Pesquisa orientada pelo Prof. Dr. Jean Segata (UFRGS).