Como se caça uma trufa? Relações entre cães, fungos e humanos na truficultura chilena

LUISA AMADOR FANARO

O objetivo desta pesquisa consiste em investigar as relações entre cães que caçam trufas, as próprias trufas e seus truficultores no Chile, tomando por foco etnográfico as relações práticas e semióticas envolvidas no treinamento e na criação dos cães, no “manejo” das truferas e, especialmente, na caça às trufas. No Chile, a truficultura se estende por toda a região central do país, e aqueles (humanos) envolvidos com a prática trocam experiências e informações através da Asociación Gremial Truficultores de Chile, criada em 2013. Atividade agroeconômica recente na América do Sul – a primeira “colheita” chilena da trufa negra ocorreu em 2009 –, a caça às trufas remonta ao Egito Antigo, assim como o uso de animais como caçadores desse fungo tão particular. Neste contexto, minhas intenções são desvelar o que fazem e o que podem esses cães, que são animais de trabalho, e as relações entre humanos, cães e trufas, tendo em conta a complexidade do estatuto da “caça” a um fungo por humanos que os “cultivam”. A truficultura, nesse sentido, parece consistir em uma negociação singular entre caça, coleta e agricultura.

Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) - 2019/17736-6.

(2019 - atual)