Plantando peixe e colhendo água: uma etnografia sobre a aquicultura como novo ramo do Agronegócio

Elisa Oberst

A criação de organismos aquáticos em escala industrial é um tema bastante recente na Antropologia. Essa pesquisa, desta forma, está situada num diálogo com diferentes objetos de estudo antropológico bem consolidados: a pesca artesanal e a indústria da criação animal. Apesar de, à primeira vista, envolverem o mesmo ambiente e animais, além de estarem dispostas sob a mesma legislação, a pesca artesanal e a aquicultura compartilham poucas similaridades: a aquicultura surge a partir do projeto tecnológico da agropecuária, adaptando e desenvolvendo tecnologias para o ambiente aquático. O objetivo do trabalho em questão é compreender a constituição do mercado da aquicultura no Brasil e sua organização: como o cultivo de organismos aquáticos surge ao acolher as lógicas da indústria de criação intensiva; de que maneira o mercado da aquicultura vem crescendo ao ser considerado um ramo do agronegócio brasileiro; e quais outras alianças emergem a partir de diferentes práticas e usos desses animais enquanto tecnologias. Para o mercado da aquicultura brasileira, o que tem gerado maiores lucros é o cultivo de peixes (piscicultura), principalmente de espécies exóticas como a tilápia. Para compreender o desenvolvimento dessa indústria, desta forma, busca-se acompanhar etnograficamente os caminhos, no Sul do país, pelos quais circulam esses animais, do cultivo até o consumo.

Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.


Pesquisa orientada pelo Prof. Dr. Jean Segata (UFRGS).